quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ANIMAIS EM CONDOMÍNIO: Embora este seja um direito sagrado, o seu vizinho também tem o dele.

Mauricio Aquino / KennelVeterinaria.com / 3327-9082 / Mauricio@KennelVeterinaria.com Na busca pelo melhor aproveitamento do espaço e pela popularização do valor dos imóveis, os grandes centros assumiram uma tendência irreversível: o crescimento verticalizado. Infelizmente as consequências imediatas são o aumento da densidade por m² e a perda da individualidade, resumindo, chamo isso de fenômeno do “vizinho chato”. Como resolver isso? Adaptabilidade. O homem é excelente nisso. Em condomínios, por exemplo, nos adaptamos novos hábitos, como a reciclagem, organizando o seu próprio lixo em nome da conservação do meio ambiente onde vive; nos adaptamos a economia de gás e água, principalmente, pois são bens comuns à maioria dos condomínios. Nos adaptamos aos horários de festas... de música... a vagas de garagem... e até a engolir aquele sindico chato! Resumindo, as pessoas em nome da política da boa vizinhança, têm que se adaptar a vida em grupo e, portanto, aprender a conviver com toda a sorte de regras e limites. No entanto, pelo menos num ponto, não há unanimidade, na questão da criação de animais em condomínio. Muitos síndicos usam o regulamento do prédio como se fosse uma lei divina e esquecem que possuir um cão, gato ou qualquer outro animal é um direito de propriedade amparado pela Constituição Federal no seu artigo 5°. E se esta referência não bastasse temos ainda a lei 4.591 de 10/12/1964 que dispõe “[...] cada condômino tem o direito de usar e usufruir com exclusividade de sua unidade autônoma (casa, apartamento, etc.) segundo suas conveniências e interesses, condicionais às normas de boa vizinhança”. RESUMIDAMENTE, TER UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO DENTRO DE CASA É UM DIREITO SAGRADO, ASSEGURADO POR LEI, DE TODO CIDADÃO BRASILEIRO. Nem por isso eu nego que as regras são fundamentais para o convívio em sociedade, mas devemos procurar exercitar a boa vontade e especialmente o bom senso. Os proprietários de animais que vivem em condomínio devem entender que além dos direitos que lhe são assegurados pela constituição, eles também têm deveres: • Ao levar o animal para passear, deve utilizar o elevador de serviço, com o animal contido em coleira e guia e sempre que possível, no colo; • O animal que demonstre ser temperamental deve ser mantido com focinheira e guia curta nas áreas comuns aos condôminos, pois os atos de seu animal são de sua total responsabilidade civil e penal; • Responsabilizar-se sempre pelos dejetos produzidos por seu animal, recolhendo as fezes ou procedendo, quando necessário, a devida desinfecção do ambiente, não apenas na área do condomínio, mas também fora dele; • Não deve permitir que o animal lata, continuamente, especialmente após às 22:00 hs, respeitando a lei do silêncio, fundamental ao descanso de todos os outros moradores. Mesmo assim, se houver ameaça de retirada do animal por parte da administração, procure um advogado para orientá-lo. Cada caso deve ser analisado individualmente. Para que o seu animal não seja um laço de discórdia, mas um elo de amizade, respeite as normas da boa vizinhança e lembre-se que o seu direito termina onde começa o do seu próximo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

As causas dos distúrbios comportamentais estão apenas no animal?

Quando há um problema comportamental em um animal de companhia muitas vezes relaciona-se o mesmo apenas ao animal: ele é agressivo, está carente, não é social com crianças ou outros animais, é “estressado”, e uma série de outros motivos. Entretanto, essa visão de que apenas fatores relacionados aos animais são a causa dos problemas comportamentais não é correta! Por quê? O comportamento é tudo que um animal faz: comer, urinar, latir, dormir, brincar, agredir, etc. Ele é pré-determinado por características genéticas da espécie, da raça e do indivíduo. Todavia, são as interações do animal com o ambiente em que vive e com os outros indivíduos, sejam eles humanos ou animais, associadas às experiências vividas, que formam o comportamento do animal em determinado momento ou situação. Outro aspecto importante a ser analisado é o conhecimento das condições físicas, fisiológicas e mentais do animal, pois parte das alterações comportamentais podem estar relacionadas a alterações clínicas. São vários os estados patológicos que podem levar a alterações no comportamento, um exemplo clássico é a dor! Sendo assim, ao avaliar o comportamento de um animal, deve-se conhecer todos os fatores envolvidos. Não se deve analisar apenas o animal, mas tudo o que o rodeia, e necessariamente as interações com os indivíduos com os quais ele convive e com o seu ambiente. Na correção desses distúrbios deve ficar claro que são poucas as situações que têm causas apenas no animal, reforçando que o comportamento é definido por múltiplas interações as quais devem ser avaliadas de forma ampla e holística para definir como abordar adequadamente cada caso. Isso deve ser feito por profissionais especializados, e muitas vezes através da atuação de uma equipe formada por médico veterinário, comportamentalista, adestrador e, necessariamente, com a participação dos diversos elementos que convivem com o animal, sejam humanos ou animais. Assim sendo, o comportamento de um animal não deve ser analisado apenas por observações pontuais. Ao manejar distúrbios comportamentais se deverá observar criteriosamente o animal e as suas diversas interações com o ambiente e outros indivíduos. A avaliação do animal deverá ser por um período prolongado para se realizar a uma boa anamnese, formar um diagnóstico adequado e, finalmente, preconizar um tratamento clínico e/ou uma orientação de correção comportamental através de manejo que se adapte ao animal, ao seu ambiente e aos seres que com ele convivem. M. V. Leonardo Nápoli www.psicologiaanimal.com.br leonardonapoli@psicologiaanimal.com.br

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Dar férias aos cães em vez de abandoná-los


"Há pessoas que, pelo amor e respeito que nutrem pelos seus amigos de quatro patas, vão de férias mas deixam os seus animais aos cuidados de um hotel para cães, o Le Petz, no Loreto. Há abandono de animais, mas há também bons exemplos que devem ser apontados. E seguidos...

O abandono dos animais domésticos é uma triste realidade, para a qual a população deve ser alertada e sensibilizada. Contudo, há também que reconhecer as pessoas que nutrem um enorme amor e respeito por cães e gatos e que, inclusivamente acabam por dedicar a sua vida a estes. É o caso de Graça Pereira da Rosa que, com o seu marido Fernando, abriu há três anos o primeiro hotel para cães e gatos da Madeira, situado no Loreto, Calheta. Cansada da sua profissão, e com vontade de fazer alguma coisa que a deixasse mais feliz, surgiu a ideia de se dedicar a tempo inteiro aos animais domésticos. Assim, teve a ideia de abrir o espaço, denominado Le Petz.

Ali, recebe e cuida principalmente de cães. Na visita que o JM fez ao hotel, na sua companhia, e em que as 26 jaulas estavam todas ocupadas, Graça Pereira apresentou-nos pelo respectivo nome a todos os cães que tinha ao seu cuidado, enquanto os donos gozam das suas férias. Carinhosos, procuravam por uma “festinha” da responsável e da visitante. Em jaulas com o dobro do tamanho do exigido por lei, e com espaços de recreio também de grandes dimensões, os animais gozavam ali umas férias na companhia uns dos outros.

«Os maiores canis têm nove metros quadrados e os menores têm 7,40 metros. Aquilo que é pedido por lei, e para os cães de porte gigante, que são poucos, é um canil com 4,3 metros. Portanto, nós estamos muito acima o que também nos permite conservar famílias caninas juntas. Ou seja, dois cães da mesma casa conseguem ficar juntos. Se ficassem separados entristeciam», reconhece. Os ninhos, ou casas, são também de dimensão superior, bem como as cinco zonas de recreio, usadas duas vezes por dia pelos animais, na companhia de humanos.

Graça Pereira da Rosa diz que um dos aspectos mais gratificantes do seu trabalho é, por um lado, a retribuição com carinhos dos cães e gatos, mas também o contacto com pessoas que gostam de animais e que os tratam bem. «Uma das alegrias do meu trabalho é conviver com as pessoas que cuidam bem dos seus animais. As pessoas que gostam dos animais são geralmente boas pessoas», sublinhou.

Ali, no Le Petz, os animais podem ficar hospedados com a segurança deixada aos donos de que serão bem tratados. Nota-se essa atenção desde o primeiro momento, em que os clientes de quatro patas têm de ter as vacinas em dia, incluindo a vacina da tosse de canil, explicou a proprietária. Actualmente a cuidar de 30 cães e de dois gatos, Graça Pereira da Rosa recordou que uma das razões que a levou a «dar um tiro no escuro» e apostar naquela unidade hoteleira foi porque, em conversas com amigos e conhecidos, estes queixavam-se «da prisão» que era ter cães, por causa das férias. «Tinha até amigos que queriam ter animais mas que sentiam que seria uma prisão, nas férias, em caso de doença e até por motivos de doença ou de viagens de trabalho».

E pela procura, que conta não não só com clientes madeirenses, como estrangeiros, nomeadamente ingleses, alemães, russos, brasileiros, um japonês, holandeses, por exemplo, a aposta revelou-se de sucesso. No Verão, tem sempre as jaulas de hospedagem cheias. Mas, a taxa de ocupação é igualmente alta nos 15 dias de Natal e na Páscoa. O Carnaval já é um momento festivo que motiva mais procura pelos donos dos animais, o que acontece também com os chamados fins-de-semana grandes.

No que se refere a preços, Graça Pereira da Rosa explicou que há quatro níveis de acordo com o tamanho dos cães. O mais baixo é de dez euros por noite se usarem a ração do Le Petz ou 9,50 se os donos fornecerem a ração. O preço mais alto é para cães gigantes, de 14,5 euros com ração por conta da hospedagem e 13,75 euros com os clientes a levarem os alimentos. «Temos preços especiais para estadas prolongadas, atingindo as duas semanas, três semanas ou mensalidades. Fazemos um desconto pelo segundo e terceiro cão de uma família com mais de um animal».

No respeitante a gatos, são 7,5 euros por noite com a nossa razão ou 7 euros com ração própria. A nível de grupo e de estadia, também se aplicam os mesmos descontos.
Esterilização em massa para evitar tantos animais

Graça Pereira da Rosa considera que o abandono de animais é «uma situação vergonhosa para o nosso país». Entende que os animais «são cidadãos do país mas sem sem direito a voto» e lamenta que não se pense seriamente nos problemas dos cães e gatos. «Ninguém pensa neles, o que as pessoas dizem é que já há gente com tantos problemas porque vamos pensar nos animais? Mas as pessoas têm problemas sem ter culpa deles mas muitas vezes são culpadas e os animais nunca têm culpa. É preciso ajudá-los», sustentou. Uma grande ajuda ao problema seria a esterilização em massa, defendendo que que o Governo deveria dar atenção a essa possibilidade e não apenas as associações que promovem a adopção e que procedem a esterilização dos animais ao seu cuidado.

«Uma cadela não esterilizada tem seis a oito filhotes de seis em seis meses. Desses, as fêmeas acabam por ter filhotes. É uma progressão matemática infinita. É preciso esterilizar, nem que seja para depois os deixar onde estão, para não haver mais filhotes». A proprietária do Le Petz, que chega a ser surpreendida com ninhadas abandonadas nas portas do hotel, defende que o controlo de natalidade é essencial.
Jaulas de hospedagem sempre cheias no Verão

A Sociedade Protectora dos Animais Domésticos tem as jaulas destinadas à hospedagem cheias no Verão, e sempre em circulação desde Junho. Há até listas de espera em caso de desistências. De acordo com Nuno Margarido, da direcção da SPAD, os períodos de férias e os festivos, como o Natal, a Páscoa ou outros que propiciem dias de descanso prolongado e fora da região, levam a que muitas famílias procurem a SPAD para deixarem os seus animais em segurança. Ao longo do ano, as jaulas não enchem, mas há alguma procura. Com seis jaulas para cães e seis para gatos, a Sociedade conta actualmente com 12 animais por semana, com uns a sair e outros a entrar.

«O animal é visto pelo veterinário quando entra, tem de ter as vacinas e a desparasitação em dia. A pessoa vai com a garantia de que vai de férias descansada e que o seu animal está a ser bem cuidado e alimentado à nossa guarda», assegurou Nuno Margarido. A tempo médio de hospedagem é de uma semana a 15 dias. «Se for muito tempo, o animal sente falta do dono», comentou. No entender do responsável, quem tem e gosta dos seus animais tenta mantê-los em segurança e com os devidos cuidados quando sai de férias. Se não for através da SPAD, os donos tentam arranjar um vizinho ou familiar que cuide.

Quanto aos preços, o serviço de hospedagem custa cinco euros/dia para gatos e 6,5 euros/dia para os cães, com direito a ração, referiu ainda.
Sensibilização e adopção online

Com o fenómeno do abandono de cães a ganhar contornos alarmantes no país, há que reconhecer o trabalho voluntário de pessoas que estimam os amigos de quatro patas. Para além dos trabalhos desenvolvidos pelas associações, destaca-se o recurso às redes sociais para passar a mensagem de que estes seres vivos merecem respeito e consideração. Dando voz aos abandonados, refira-se, por exemplo que, no Facebook, existem pessoas, grupos e páginas de apelo à adopção, que mostram fotografias de cães e gatos que precisam de novas casas e famílias. Também o problema a nível regional é apontado. Assim, associações e pessoas usam os seus murais para partilharem imagens e apelarem às adopções ou, pelo menos, a que surjam Famílias de Acolhimento Temporário (FAT) ou Famílias de Acolhimento Definitivo). Apontamos o exemplo da página madeirense “O nosso refúgio”, (http://facebook.com/associacao.onossorefugio), atenta aos animais abandonados por toda a ilha.
Não se pode culpar as férias pelo abandono

Com 350 animais a viverem na SPAD (300 cães e 50 gatos), a Sociedade Protectora dos Animais Domésticos lamenta que haja tantos casos de abandono. Mas, como sublinhou Nuno Margarido, não se pode culpar as férias por estas situações. A seu ver, «quem abandona, fá-lo o ano inteiro, mas quem não abandona também não o faz nas férias. Há sempre o cuidado em tentar arranjar quem fique. Infelizmente, há ainda muita gente a abandonar os seus animais durante todo o ano. Em tempo de férias, a consciência das pessoas deve ser no sentido de arranjarem quem vá alimentar o seus animais ou deixá-los na SPAD».
SPAD promove campanha para voluntários passearem cães

A Sociedade Protectora de Animais Domésticos deu início a uma campanha para voluntários que queiram passear os cães que se encontram na SPAD. Intitulada “Circula-cão”, a iniciativa convida os interessados a passear «um amigo de quatro patas».

«Os animais estão em canis, estão em jaulas e também precisam para o seu bem-estar de andar, de fazer exercício», salientou Nuno Margarido, um dos responsáveis pela SPAD, que considerou ainda que esta campanha pode colmatar a falta de voluntários da SPAD. A sua esperança é que, para além da ajuda aos animais, esta acção sensibilize mais para a problemática dos cães abandonados e que também possa potenciar a adopção.
A campanha iniciou-se há uma semana, contando com mais de dez adesões.

A “circula-cão” decorre de segunda a sábado. Durante a semana, é durante todo o dia e, aos sábados é de manhã. Os voluntários podem passear os animais por meia hora ou mais tempo, numa área junto à sede da SPAD, no antigo matadouro regional, cedido pela Câmara Municipal do Funchal.

O responsável acredita que aparecerão pessoas de todas as idades para participar na “Circula-cão”, explicando que a acção foi lançada no verão para que o período de férias da generalidade da população possa, também, ser aproveitado para este fim. “Desde jovens a pessoas de mais idade ou moradores que não têm cães porque estão num apartamento, esperamos pessoas de todas as gerações”, declarou Nuno Margarido, garantindo que “o animal a entregar ao voluntário está de acordo com a fisionomia da pessoa». As crianças poderão também passear um cão, desde que acompanhadas por um adulto. «Eu considero que o projecto tem uma tripla acção: é bom para o animal, bom para o voluntário porque ocupa o seu tempo, bom para a SPAD porque não tem pessoal suficiente»".
Fonte: http://www.jornaldamadeira.pt/not2008.php?Seccao=14&id=193744&sdata=2011-08-29

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Medicamento veterinário genérico - bom para o Brasil

Extraído de: Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul - 22 horas atrás
Medicamento veterinário genérico - bom para o Brasil
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O Brasil poderá passar a contar com medicamentos genéricos de uso veterinário, a exemplo da já bem sucedida experiência dos remédios genéricos de uso humano.
Medicamento genérico é aquele que contém os mesmos princípios ativos, concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica que medicamento registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para obter o registro do produto genérico de uso veterinário, as empresas deverão comprovar, junto ao Mapa, que o mesmo apresenta bioequivalência em relação ao produto já existente, equivalência terapêutica nas espécies animais a que se destina e taxa de excreção e determinação de resíduos equivalentes às do produto de referência.
Certamente os preços apresentarão reduções importantes, em alguns caso até 45% a menos do preços praticados, permitindo reduzir custos de produção sem perder a qualidade da produção de origem animal.
Também irá melhorar a relação de competitividade, especialmente com os Países do Mercosul, onde os preços dos medicamentos veterinários são muito inferior aos praticados no Brasil.
Também as pessoas que tem em seus domicílios os chamados "animais de companhia" (cães, gatos, pássaros) poderão melhorar a qualidade de vida deste, possibilitando um manejo sanitários melhor, oportunizando até as pessoas de baixa renda da convivência sadia com estes animais.
Tão importante é o tema, que o mesmo foi citado pelo novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, por ocasião de sua posse no último dia 23 de agosto.
No dia 29 de agosto, a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, atendendo a requerimento de minha autoria, realiza Audiência Pública durante a Expointer, em Esteio, para discutir a questão. O encontro acontece às 14h, na Casa da Assembleia do Parque de Exposições Assis Brasil.
Fica o convite para todos participarem.
* Deputado Estadual (PMDB)
http://al-rs.jusbrasil.com.br/noticias/2814854/medicamento-veterinario-generico-bom-para-o-brasil

quarta-feira, 17 de agosto de 2011


Cachorro expulso de condomínio suscita debate


Foi preciso que um caso em Araraquara reanimasse a controvérsia sobre animais em condomínios. Enviada notificação a morador sobre barulho do seu cachorro, que latia o dia inteiro, o inquilino não tomou providências.
Tentou-se de tudo para dar solução amigável ao caso, mas, sem alcançar um consenso, o jeito foi levar o litígio à justiça. Que, para surpresa de alguns, determinou que o animal deixasse o condomínio, sob multa de R$ 700 por dia caso permanecesse. Após a sentença, o dono saiu do apartamento, levando consigo o cachorro.
Quer dizer, então, que a Justiça tem o direito de expulsar um animal do condomínio? Tem, sim. Ainda que haja diversos casos em que as reclamações sobre barulhos de animais decorram muito mais da implicância de moradores com cachorros e gatos, as proporções tomadas pela situação às vezes são graves.
Se um morador não dorme de noite por conta do barulho emitido em apartamentos próximos por conta de um animal, será que não estaria na hora de pensar no direito ao sossego? Não seria importante refletir se as regras combinadas internamente estão adequadas? Afinal, o que podem os moradores fazer em uma circunstância como essa?
Uma sequência adequada para resolver o problema indicaria uma conversa direta entre o morador e o proprietário do animal, em primeiro lugar. Caso não resolvam, as partes podem apelar para a intervenção do síndico.
Devem também expor o problema em assembléia. Ao proprietário do animal, devem ser enviadas notificações. Se nada disso funcionar, em último caso, a questão deve ser encaminhada aos tribunais de Justiça.
A Constituição brasileira dá subsídios jurídicos tanto para os defensores dos direitos dos animais quanto para os defensores do direito dos moradores. Nesse sentido, a jurisprudência nacional tende a não obstaculizar de forma absoluta o direito de proprietários de terem animais em condomínios.
Porém, em casos de grave perturbação ao descanso dos demais moradores, alguns juízes convém em emitir sentenças que limitem o barulho dos bichos. E limitar o barulho dos bichos, muitas vezes, só quer dizer uma coisa – tirar o cachorro do prédio.
Evidentemente, é preciso que muita conversa tenha se desenrolado até que a atitude de entrar na justiça seja a solução mais viável. Isso porque, embora em alguns casos o trâmite do processo tenha sido rápido, durando poucos meses, não é comum que a sentença seja contra o proprietário do animal.
É preciso que muita coisa esteja fora do lugar para que o juiz decida a favor do morador incomodado. Por exemplo, que a intervenção do síndico na questão tenha sido infrutífera. Ou que, após receber notificação, o proprietário do animal não tenha tomado nenhuma precaução para resolver o problema. Ou seja, antes de apelar aos meios judiciais, conversas com o proprietário do cachorro são fundamentais.
Ninguém, em sã consciência, compra um apartamento disposto a enfrentar problemas com vizinhos. A questão dos animais em condomínios, porém, não é de fácil solução. O problema existe há tempos e é um daqueles espaços em que a justiça não consegue chegar a uma solução que agrade há todos. Convém, porém, evitar que ocorram abusos.
Nesse sentido, é válido lembrar que o animal pode ser sim expulso do condomínio, como mostrou o caso em Araraquara. O que não quer dizer que o animal seja o culpado pela situação. Na maior parte dos casos, é sim, uma vítima. Um cachorro que late o tempo integral, por exemplo, pode não estar sendo bem cuidado ou estar sob forte estresse.

Lincoln César do Amaral Filho
Diretor da Superlógica e do portal LicitaMais e especialista em condomínios
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/468598/cachorro-expulso-de-condominio-suscita-debate/ ODIARIO.COM

terça-feira, 16 de agosto de 2011

UFSC terá cursos de Meteorologia e Medicina Veterinária no próximo vestibularEdital para o concurso de 2012 será lançado nesta segunda-feira

O edital para o vestibular 2012 da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) será lançado nesta segunda-feira. Entre as novidades está a criação de dois novo cursos: Medicina Veterinária, no campus de Curitibanos, e Meteorologia, em Florianópolis. No total, serão oferecidas 5.901 vagas em 84 cursos e habilitações. As inscrições para o vestibular iniciam no dia 20 de setembro e seguem até 19 de outubro, no site www.vestibular2012.ufsc.br.

Aprovada em junho deste ano, a criação do curso de Medicina Veterinária foi idealizada com base no perfil agropecuário e agrário do mercado de trabalho do Planalto Serrano e Meio Oeste do Estado. No início, o curso deve oferecer 40 vagas. Já o curso de Meteorologia foi elaborado ainda em 2010, e também estreia no vestibular de 2012.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Vírus de doença semelhante à dengue é identificado

08/08/2011 -- 08h59

No Pantanal, cavalos tinham anticorpos para o vírus da febre do Nilo Ocidental, apontam pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz e da USP

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz) identificaram, pela primeira vez no País, o vírus da febre do Nilo Ocidental. A descoberta ocorreu no Pantanal: cinco cavalos possuíam anticorpos contra o vírus, prova de que já sofreram infecções.

Em 1999, a febre do Nilo Ocidental chegou à América, causando dezenas de mortes nos Estados Unidos. Houve vários casos nas imediações do Central Park, em Nova York. Desde então, vem descendo o continente. Na Colômbia, na Venezuela e na Argentina também foram diagnosticados casos em cavalos e aves.

Diversas espécies de mosquitos são capazes de transmitir o vírus. Pássaros e répteis - como crocodilos e aligatores - desenvolvem a doença e infectam os insetos. Mamíferos - como humanos e equinos - são hospedeiros finais: podem adoecer, mas não são capazes de infectar o mosquito e reiniciar o ciclo (mais informações nesta página).

Os pesquisadores do IOC investigaram amostras de sangue de 168 cavalos e 30 jacarés da região de Nhecolândia, em Mato Grosso do Sul. Também capturaram 1.204 mosquitos de 10 espécies diferentes. Análises bioquímicas procuraram identificar anticorpos contra o vírus nos répteis e equinos. Só cinco cavalos tiveram resultado positivo. Nenhum jacaré havia sido infectado. Os mosquitos investigados também não carregavam o vírus.

O veterinário Alex Pauvolid-Corrêa, principal autor do estudo, explica que não é possível saber ainda quais espécies de insetos poderiam servir como vetores eficazes da doença no País. Os cientistas já iniciaram um estudo mais abrangente, capturando uma amostra maior de mosquitos. "As análises dessas novas amostras estão em andamento", afirma Corrêa, que realiza seu doutorado no IOC e nos Centros para o Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos.

O artigo com a descoberta foi publicado na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. O virologista Hermann Schatzmayr, que morreu no ano passado, participou do estudo. Ele teve papel fundamental na erradicação da varíola no País.

Em paralelo

O Laboratório de Virologia Clínica e Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP também procura indícios de atividade do vírus da febre do Nilo Ocidental no País.

A pesquisadora Tatiana Lopes Ometto iniciou um doutorado em 2008 cujo tema é o monitoramento do vírus em equinos e aves. E já obteve resultados semelhantes aos do grupo do IOC. "Analisamos 1.156 amostras de sangue - 678 de equinos e 478 de aves - obtidas em Nova Brasilândia (a 190 quilômetros de Cuiabá, em Mato Grosso)", recorda Tatiana. "Confirmamos a presença de anticorpos contra o vírus em quatro equinos."

Os animais eram nativos da região - uma zona de transição do Cerrado para o Pantanal. Portanto, não poderiam ser casos importados. O trabalho deve ser publicado até o fim do ano em uma revista científica internacional.

Gravidade

Muitas vezes, em humanos, a infecção é assintomática. Em outros casos, os sintomas são parecidos com os da dengue: febre, dores no corpo e náusea. Algumas pessoas, no entanto, evoluem para formas mais sérias da doença, com comprometimento do sistema nervoso central. Em 1996, uma epidemia na Romênia apresentou um número excepcionalmente grande de quadros graves. Dos 393 pacientes diagnosticados, 352 desenvolveram inflamação do cérebro. Cerca de 10% morreram.

Para lembrar

O vírus da febre do Nilo Ocidental só foi isolado em 1937, em Uganda. Uma pesquisa da Universidade do Estado do Colorado (EUA), no entanto, levanta a hipótese de que Alexandre Magno, rei da Macedônia, teria morrido de uma forma grave da doença, na Babilônia, em 323 a.C. Tinha 32 anos e agonizou duas semanas com febre. O historiador Plutarco relata que a morte do célebre conquistador foi precedida e acompanhada pela morte de corvos. Algo semelhante ao observado nos EUA durante a entrada do vírus no país.

http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--49-20110808&tit=virus+de+doenca+semelhante+a+dengue+e+identificado

Dono esquece cão amarrado ao carro

Botucatu - Um homem esqueceu um cão amarrado ao engate do carro e o arrastou por aproximadamente 400 metros, em Botucatu (100 quilômetros de Bauru), na manhã de anteontem, e só parou após ser abordado por guardas municipais.

O motorista disse ser dono do animal e que o amarrou ao reboque para que não fugisse e, na pressa, esqueceu de soltá-lo. O cachorro foi levado para o Hospital Veterinário da Unesp, com ferimentos nas quatro patas. O motorista foi levado para a Delegacia de Botucatu, onde foi registrado boletim de ocorrência.

Fonte:
http://www.jcnet.com.br/detalhe_regional.php?codigo=213093 (08/08/2011)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Primeiro gato clonado faz 10 anos em mercado que produz poucas réplicas


De Bill Murphy (AFP) – Há 3 horas
COLLEGE STATION, EUA — Há quase dez anos da clonagem do primeiro gato, as previsões da abertura de um grande mercado comercial para a "ressurreição" de animais de estimação usando esta tecnologia demonstraram ser um fiasco.
A empresa líder em clonagem de mascotes nos Estados Unidos parou de operar em 2009 e o negócio da clonagem de gado continua sendo relativamente pequeno, com apenas algumas centenas de porcos e vacas clonados por ano em todo o mundo.
Mas os donos de CC, a primeira gata clonada, ainda a consideram um grande êxito. Mais velha e gordinha, e mais lenta por causa da idade, a gata branca e cinza é como qualquer outro animal de sua espécie.
"As pessoas esperam que haja algo diferente nela", disse Duane Kraemer, pesquisador da Universidade do Texas A&M e integrante da equipe que clonou CC.
"Nós a levamos a uma exposição de gatos uma vez. Um homem que veio vê-la disse que se parecia com qualquer outro gado de armazém", afirmou.
CC, cujo nome são as iniciais de Cópia Carbônica, nasceu em um laboratório da A&M em 22 de dezembro de 2001, a partir de uma célula tirada de um gato tricolor chamado Rainbow, e inserida em outro embrião de gato. O embrião foi, então, implantado em uma mãe de aluguel, chamada Allie.
CC tem exatamente a mesma constituição genética de Rainbow, mas não tem sua coloração laranja, pois geralmente apenas duas cores - e não três - são passadas na clonagem de gatos tricolores.
"A clonagem é reprodução, não ressurreição", disse à AFP Kraemer, agora parcialmente aposentado, em uma entrevista concedida em sua casa em College Station, Texas (sul).
Isso, somado a um preço que poderia chegar a seis dígitos, é uma das principais razões pelas quais clonar animais de estimação não tenha sido um grande sucesso comercial.
- "O mercado é, na realidade, extremamente pequeno" -
Por que a BioArts deixou o negócio da clonagem de animais de estimação há dois anos? Seu diretor, Lou Hawthorne, escreveu na página da internet da empresa que muito poucos clientes solicitaram seus serviços.
"Depois de estudar este mercado durante mais de uma década - e de oferecer serviços de clonagem tanto de cães quanto de gatos - acreditamos que o mercado é, na realidade, extremamente pequeno", disse Hawthorne no agora extinto site na internet da BioArts.
Embora muitos dos clones de seu cão tivessem saído normais, os pesquisadores não puderam explicar porque alguns nasceram com deficiências.
"Um clone nasceu de cor amarelo-esverdeada, quando deveria ser branco", escreveu.
"Outros tiveram más-formações do esqueleto, em geral não paralisantes, embora às vezes graves e sempre preocupantes", acrescentou.
"Estes problemas são ainda mais preocupantes se levarmos em conta que a clonagem é supostamente uma tecnologia, em geral, madura", emendou.
O primeiro clone de animal bem sucedido - a ovelha Dolly - nasceu em 1996 no Instituto Roslin da Escócia, mas foi sacrificada em 2003, depois de desenvolver uma doença pulmonar.
Cientistas da Universidade Nacional de Seul clonaram, em 2005, o primeiro cão do mundo, Snuppy (cujo nome é a combinação das siglas da universidade e de 'puppy', filhote de cão em inglês).
A história de CC cruza com a da Genetic Savings and Clone, uma empresa também chefiada por Hawthorne, precursora da BioArts.
John Sperling, fundador da Universidade de Phoenix, um centro de estudos com fins lucrativos do Arizona (sudoeste), investiu quatro milhões de dólares para pesquisar a clonagem animal na Universidade do Texas A&M, na década de 1990.
Hawthorne se associou à Universidade Texas A&M e criou a empresa Genetic Savings and Clone, um negócio que cobrava dezenas de milhares de dólares para clonar animais de estimação.
"Quando CC nasceu e não se parecia com o doador, (o vínculo entre) a parte comercial (do projeto) e a A&M começou a se romper", disse John Woestendiek, autor de "Dog, Inc.: The Uncanny Inside Story of Trying to Clone Man's Best Friend" (Cão, S.A: a estranha história de bastidores sobre a tentativa de se clonar o melhor amigo do homem, em tradução literal).
Segundo Hawthorne, CC socavou sua intenção de vender a clonagem como forma de ressuscitar um bichinho querido. Os cientistas da Universidade Texas A&M não se sentiam confortáveis de que a empresa dissesse que poderia oferecer réplicas de animais de estimação.
Ao fim, Sperling e Hawthorne se separaram da Universidade Texas A&M. A Genetic Savings and Clone se mudou para o Wisconsin (norte), onde tentou, sem sucesso, clonar cães. Acabou fechando e Hawthorne fundou a BioArts.
- A clonagem de gado é mais rentável -
A clonagem de gado tem sido mais bem sucedida, devido ao valor comercial dos animais de boa qualidade: os criadores mostram-se dispostos a pagar dezenas de milhares de dólares pelo clone de uma vaca ou de um cavalo premiado. Certo tipo de gado também é mais fácil e mais barato de clonar do que os cães, explicou Woestendiek à AFP. Com sede em Austin, Texas, a empresa de clonagem ViaGen é uma das duas principais empresas de clonagem de gado dos Estados Unidos.
"Produzimos cavalos clonados a partir de doadores estéreis que agora se reproduzem com eficácia e oferecem oportunidades de genética que não eram possíveis com os doadores", disse Lauren Aston, porta-voz da ViaGen, à AFP.
"Produzimos vacas leiteiras que ganharam concursos internacionais", acrescentou.
Segundo cálculos da ViaGen, 3.000 cabeças de gado foram clonadas desde Dolly. Atualmente, segundo Aston, são clonados no mundo entre 200 e 300 vacas e de 200 a 300 porcos ao ano.
A empresa cobra 165.000 dólares para clonar um cavalo, 20.000 por uma vaca e 2.500 dólares por um leitão.
Os clones de gado da ViaGen não nasceram com más-formações e seus investidores não entendem porque a BioArts obteve resultados negativos quando clonou cães.
CC vive uma boa vida com seus donos, Duane Kraemer e sua esposa, Shirley. Kraemer construiu para ele uma casinha para gatos de dois andares, com ar condicionado e um alpendre fechado. Além disso, adaptou vários locais confortáveis nos fundos de sua casa, em College Station.
CC mora ali com seu namorado, Smokey, e suas três crias. Embora esta gata não tenha tido mãe biológica, ela se saiu uma boa mãe, sempre vigiando de perto seus filhotes.
"Eles miavam e ela já estava ali", contou Shirley Kraemer.

Estudo comprova benefícios de se ter animais de estimação


Donos estão mais apoiados emocional e socialmente
2011-07-14

Os animais de estimação são, por vezes, os melhores amigos dos seus donos. Uma investigação da Associação Psicológica dos Estados Unidos, publicado no "Journal of Personality and Social Psychology", vem agora também revelar que estes proporcionam apoio social e emocional a quem os possui.
Este trabalho indicou que os donos de cães, gatos e outros animais de estimação mantêm uma relação tão estreita com as pessoas próximas como a que têm com seus animais, o que aponta que este tipo de interação não é desenvolvida em função das relações humanas.
Psicólogos da Universidade de Miami e da Universidade de St. Louis, nos EUA, foram responsáveis por este trabalho, em que se realizou três estudos para analisar os possíveis benefícios de se conviver com uma “mascote”.
Segundo Allen McConnel, investigador da Universidade de Miami e primeiro autor do artigo, em termos gerais, pessoas com animais de estimação "têm mais qualidade de vida e conseguem resolver melhor diferenças individuais do que as que não os têm”.
O psicólogo acrescentou ainda que, "especificamente, os donos de animais têm mais auto-estima e estão em melhores condições físicas. Além disso, tendem a ser menos solitários, são mais conscientes do que ocorre à sua volta, são mais extrovertidos e, normalmente, são menos receosos e preocupados”.
Allen McConnel concluiu dizendo que os estudos realizados trouxeram “provas consideráveis” de que “os animais de estimação beneficiam a vida dos seus donos tanto no âmbito psicológico como no físico, já que representam uma importante fonte de apoio social".

Referência
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=50064&op=all

domingo, 7 de agosto de 2011

Dr. Abel de Oliveira, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS escreve artigo sobre a Leishmaniose


Um dia após o Simpósio, Dr. Abel de Oliveira, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS e convidado do evento, escreve artigo sobre a Leishmaniose

LEISHMANIOSE: UM PERIGO A VISTA

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso do Sul realizou no final de semana, dias 27 e 28 de novembro(sábado e domingo), um simpósio tratando do tema Leishmaniose.
Tive a oportunidade de estar presente na abertura e na mesa redonda do domingo à tarde. Muito bom o evento. Tratou de uma questão que preocupa. Um evento de muita grandeza, pois visa à saúde humana e dos animais. Muito boa a iniciativa dos profissionais da medicina veterinária.
A doença, conhecida como Leishmaniose, é provocada pelos protozoários do gênero Leishmania, transmitida ao homem pela picada de mosquitos flebotomíneos, também chamados de vários outros nomes.
É uma doença que afeta o cão, mas que acompanha o homem desde tempos remotos e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e ampliação de sua ocorrência geográfica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, principalmente, em Mato Grosso do Sul, onde muitos e muitos caso vem sendo registrados, e até com morte de humanos.
No entanto, já se propaga a ideia de sacrificar os cães infectados, num verdadeiro processo de eutanásia. Inclusive, com tentativas de projetos de lei nesse sentido. Porém, o animal tem que ser tratado e não sacrificado.
A legislação brasileira considera o animal como bem. No caso do cão com dono, um bem semovente e privado. No caso de animais errantes (sem dono), um bem de responsabilidade do Poder Público.
A Leishmaniose Visceral é transmitida através de pequenos insetos que se alimentam de sangue, e, que , dependendo da localidade, recebem nomes diferentes, tais como: mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalhinha, asa dura, palhinha ou birigui. Por serem muito pequenos, estes mosquitos são capazes de atravessar mosquiteiros e telas. São mais comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas plantas.
Portanto, é necessário muito cuidado com esse mosquito, e muita vigilância para evitar o seu aumento e proliferação, como o uso de repelentes. Mas, acima de tudo, muito cuidado se deve ter com relação aos cães de estimação.
Para a prevenção da doença já existem vacinas. As vacinas Leish-Tec e Leishmune que devem ser aplicadas em cães acima de quatro meses de idade. Contudo, a vacinação deve ser precedida de minucioso exame clínico realizado por médico veterinário.
Entretanto, a vacina subcutânea deve ser aplicada somente em cães assintomáticos com resultados sorológicos negativos para Leishmaniose Visceral Canina.
Mas, é bom lembrar que a vacina não é o único instrumento de prevenção e controle dessa enfermidade, pois existem outras medidas a serem adotadas, em conformidade com orientação do Ministério de Saúde.
Então, a ideia, anseio ou pretensão de se matar os animais (cães) contaminados pela doença ou com suspeita dela, não é compatível com a realidade. Não existem estudos que provam que a matança desses animais resolve o problema. Há muito se vem sacrificando esses “bichos”, mas, os índices dos casos da doença vêm aumentando.

Bom que se frise, o Brasil é o único país do mundo a matar sistematicamente cães com Leishmaniose. No resto do mundo trata-se a doença. Vamos imitar nossos alienígenas!

[1] O autor é Especialista em Direito Ambiental; Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental; Procurador de Justiça Aposentado; Consultor Jurídico Ambiental e Presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MS

domingo, 31 de julho de 2011

GATOS E DOENÇAS CARDÍACAS


Dr. Moyses Fonseca Serpa,
CRMV-RJ 2016
Especializado em Cardiologia e Mestre em Ciência Veterinária mserpa@oi.com.br

É fato que o número de pessoas que criam e adoram gatos tem aumentado significativamente. Mas por ser uma tendência nova, esses novos proprietários de gatos pouco sabem sobre as doenças mais comuns nesses PET´s.
E evidentemente que isso se aplica às doenças cardíacas.
Ao contrário dos homens e de vários outros animais, esta espécie raramente apresenta os sinais clássicos de doença cardíaca, tipo: tosse, intolerância aos exercícios, ascite e edema pulmonar. Em virtude desta característica, na maioria das vezes, o doente quando é assistido já se encontra num estágio avançado da doença.
Então! Vamos conhecer um pouco mais sobre este assunto?
Doenças valvares
São bem frequentes nos cães pequenos, e são raras nos gatos. Nesta espécie as deformidades valvares congênitas como prolapsos; cordoalhas cruzadas, frouxas ou curtas; deformidades nos músculos que sustentam as cordoalhas; ausência de folheto valvar entre outras, são relatadas na literatura especializada. Mas, em face da precocidade e severidade das alterações – que são exuberantes e precoces – quase sempre a doença é fatal e o diagnóstico somente é realizado no pós-morte.
Nos gatos a forma crônica e degenerativa da doença valvar pode ser encontrada nos animais bem idosos, mas trata-se de uma esclerose como tantas outras observadas nos pacientes senis.
Doenças do músculo cardíaco
As cardiomiopatias podem ser primárias ou secundárias a outra doença e representam mais de 90% das doenças cardíacas dos gatos. Esta enfermidade é classificada em quatro grandes grupos em função de apresentação morfológica: A forma dilatada, a hipertrófica, a intermediária e a restritiva.
A apresentação dilatada de origem nutricional (por deficiência de Taurina) tornou-se muito rara com a presença deste aminoácido nas rações de boa qualidade. A forma dilatada mais observada é aquela secundária a administração de algumas drogas antineoplásicas no tratamento de determinados tipos de câncer.
Nesta apresentação, o coração perde progressivamente sua força de contração e os órgãos deixam de receber seus nutrientes e eliminar os resíduos orgânicos.
Na miocardiopatia restritiva o coração tem dificuldade para relaxar sua musculatura em face de uma fibrose cicatricial por doença virótica, inflamatória ou a uma doença imunológica. É com se houvesse uma “cinta restritiva” que reduz a capacidade de relaxamento do músculo.
A apresentação hipertrófica é a mais frequente – e a que mais preocupa. Pois o miocárdio fica espessado e enrijecido, o que diminui a câmara ventricular e consequentemente a capacidade do coração de receber o sangue oxigenado e levá-lo aos demais órgãos do corpo.
A miocardiopatia hipertrófica é secundária principalmente ao hipertiroidismo, a doença renal crônica e a hipertensão arterial – E pode ser evitada.
Na próxima visita ao médico do seu PET, converse com ele sobre a possibilidade de realizar alguns exames preventivos. ☼

O BRASIL NA CONTRA MÃO DO MUNDO


Vivi Vieri
Advogada

Em 1963, o Ministério da Saúde através do Decreto Nº 51.838, de 14 de Março de 1963, baixou normas técnicas para o combate da Leishmaniose destacando a importância das eutanásias de cães infectados e dirigindo ao Departamento Nacional de Endemias Rurais, por ser uma doença típica do meio rural.
Quarenta e oito anos depois, em pleno século XXI, na data de 11 de julho de 2008, dois Ministérios, da Saúde e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, baseados em decretos, entre eles o Decreto de 1963, resolveram criar a PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.426, adotando como primeira medida as eutanásias de cães infectados e proibindo o tratamento dos cães com medicações humanas em todo país.
Com o advento da nova Constituição, este Decreto de 1963 não foi recepcionado, havendo incompatibilidade entre ele e a norma constitucional de 1988, pelo fato de terem surgido novos direitos do cidadão, do animal, hoje considerado como sujeito de direito e do profissional, no caso em tela, o médico veterinário.
Como exemplo, a Portaria Interministerial, ao proibir o tratamento de cães infectados, obrigando o recolhimento para eutanasiar baseado apenas em um exame, está desrespeitando e ferindo o cidadão em seus direitos e sem fundamentos científico para isso, apenas embasados em revisões sistemáticas.
Portaria é ato administrativo, “que não pode inovar legislar, por que precisa se basear em leis, apenas regulamentando, dentro dos limites constitucionais e legais, o conteúdo da lei”.
Tais medidas encontram-se restritas ao âmbito de execução de atos normativos hierarquicamente superiores, sendo-lhes vedado inovar a ordem jurídica para restringir direitos ou impor obrigações.
Em um dos Informes Técnicos da OMS, diz: "o tratamento não é uma medida de controle de LV; não obstante, em situações especiais em que se aplique o tratamento, se recomenda que se apliquem medidas que impeçam o contato do cão tratado com o vetor de LV. Tais medidas deverão ser cientificamente avaliadas e validadas, com o objetivo de mitigar o risco de que o animal em tratamento seja fonte de infecção para o vetor e pessoas.
No Informe Técnico de 2010 do mesmo Instituto, fala-se do uso de medicamentos para controlar a doença e apesar de tantas informações contrárias e das evidências de que é um fracasso, a atual Portaria insiste nas eutanásias indiscriminadas, mantendo a mesma política, sendo o único país no mundo que controla a doença matando cães. O que falta são políticas públicas mais eficientes, não atribuir ao cão a responsabilidade pela disseminação da doença, haja vista ter outros reservatórios, entre eles o próprio homem e os problemas atuais como o crescimento urbano desenfreado.
Eutanásias obrigatórias são desnecessárias e carentes do devido respaldo científico. Descumpre as normas técnicas do Regulamento Sanitário Internacional, do qual o Brasil é signatário, desrespeita a Declaração Universal do Direito dos Animais, proclamada pela UNESCO em 1978, da qual o Brasil também é signatário, viola a Constituição Federal e demais leis protetivas da vida animal e desconsidera as orientações da OMS - Organização Mundial de Saúde
Nossa vizinha Argentina, adotou como medidas para controle de zoonoses, entre elas a Leishmaniose, um programa de guarda responsável, que inclui a castração de cães e gatos, medida esta recomendada pela OMS.
Com tantas evidências negativas, mesmo assim, o Brasil continua na contra mão do mundo, mantendo as mesmas diretrizes para o controle da Leishmaniose através do sacrifício sumário de cães supostamente doentes, desrespeitando os direitos do cidadão, todos esses direitos amparados pela nossa Carta Magna e lançando mão de uma política pública ultrapassada e ineficaz. ☼

A MORTE DO CÃO


Carlos Henrique Nery Costa
Médico


Há alguns dias, fui procurado pela TV para dar uma entrevista sobre calazar, relacionada
a uma declaração de uma funcionária da prefeitura de Teresina que a proporção de cães com teste positivo para a doença era muito elevada em alguns bairros, e que se havia notado um aumento do número de pessoas doentes na cidade nos últimos anos. Como sempre, expliquei os sinais da doença para que possíveis pacientes logo procurassem as unidades de saúde. Mas senti com um certo mal estar, pois havia cheiro de morte no ar. Passados uns dias, verifiquei que o mal estar era real quando soube do efeito da minha entrevista. No meu consultório, um paciente disse que graças à ela havia entregue o seu amado cão, completamente sem sintomas de doença, para ser morto pela prefeitura por ter um resultado de exame positivo.
Um cão saudável, belo, querido, morto por minhas palavras conduzidas por uma reportagem enganosa e por um ato de terrorismo de estado. Fiquei profundamente abalado. Gostaria de deixar claro que, enquanto eu era entrevistado, disse coisas que não foram publicadas. Por exemplo, alertei ao repórter que os meus anos de estudo de doença haviam me convencido que a matança de animais não reduz o risco para as pessoas e nem impediu a disseminação da doença pelo País afora e para a Argentina,
que não existem evidências científicas apoiando esta medida e que me oponho vigorosamente a ela. Nada impediram, no entanto, que o meu depoimento fosse editado de tal modo que a descrição dos sintomas servisse para aterrorizar as pessoas e induzi-las a entregarem os seus animais para a morte, para um sacrifício desnecessário. Para a TV, foi irrelevante o pensamento do entrevistado, desde que atendidos os interesses dos editores.
No ano passado, minha aluna Dra. Ivete Lopes de Mendonça defendeu sua tese de
doutoramento, que foi ao cerne do problema. Ela estudou cães destinados à morte. Fez testes para o diagnóstico e os comparou com o que encontrou nas vísceras dos animais. Notou que este mesmo teste que é utilizado pelo governo brasileiro é inútil para afirmar que um animal tem a doença. Por exemplo, se, em Teresina, a chance de um cão sem sintomas ter a doença for 10%, quando o teste dá um resultado positivo,
a chance de ter calazar passa apenas para 11% e, mesmo assim, todos são mortos! Ou seja, o teste não acrescenta informação relevante, o que faz com que, em circunstâncias similares, quase 90% dos cães mortos pelo Programa de Controle de Calazar sejam, na verdade, animais sadios.
Também no ano passado, foi publicada uma síntese do conhecimento sobre o assunto
encomendada pela Organização Panamericana de Saúde mostrando a ineficácia desta medida. Além disto, o Código Sanitário Internacional, do qual o Brasil é signatário, exige que toda medida de saúde pública deve ter evidências científicas em seu favor. Ainda assim, o Brasil, único no mundo, continua matando cães, induzido pela obsessão mortífera de funcionários públicos pouco esclarecidos e indiferentes às normas.
Este caso revela também outros fatos muito graves, que são as lições de ignorância e de
violência institucionais. Lição da irrelevância do conhecimento científico, de falsidades tomadas como verdades pela mídia oficializada, de indiferença às opiniões não oficiais e de banalização da morte, neste caso de seres inteligentes, sensíveis e amados. Assim, o Brasil comporta-se de forma primitiva e brutal, muito longe das características da nação civilizada e desenvolvida que, um dia, nós, brasileiros, almejamos ser.”

quarta-feira, 20 de abril de 2011

sábado, 16 de abril de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

ASSISTA A ANIMAÇÃO SOBRE TOXOPLASMOSE


veja a animação, IMPERDÍVEL: http://youtu.be/QqHqAJPKb9w

segunda-feira, 4 de abril de 2011

VOCÊ NÃO COMER ESCARGOT POR QUÊ?

Leia o informativo com atenção pois num futuro próximo poderemos estar dando assistência a fazendas de insetos. Visite o link: http://smtpilimitado.com/kennel/caracol4.pdf
Deseja mais informações? www.achatinafulica.com ou www.caramujoafricano.com

sábado, 26 de março de 2011

CFMV SOLICITA DIRETAMENTE AO MINISTRO DA SAÚDE INCLUSÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO NO NASF

25/03/2011
Como parte dos esforços para incluir o Médico Veterinário no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), presidido por Benedito Fortes de Arruda, solicitou diretamente ao Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a alteração da Portaria GM no. 154, de 2008 que cria o Nasf, porém, não insere a Medicina Veterinária entre as profissões que atuam no Núcleo.
Ao receber o ofício, em mãos, o Ministro mostrou-se receptivo e reconheceu o pleito, pois entende a importância do Médico Veterinário para a saúde pública. Padilha comprometeu-se a encaminhar o documento à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério para avaliação. O CFMV foi representado na reunião pela Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho.
No documento, o Presidente do CFMV diz que “a inclusão da Medicina Veterinária no Nasf transcende o aspecto individual da atenção básica e abrange todo o contexto individual, coletivo e ambiental como gerador de doença”. Arruda lembra a importância da formação e conhecimentos, próprios do Médico Veterinário, referentes a doenças transmitidas e veiculada por animais (zoonoses) e doenças transmitidas por alimentos de origem animal.
O Presidente do CFMV também lembra que, atualmente, organismos internacionais como Organização Mundial de Saúde, Organização das Nações Unidas para a Saúde e Alimentação e Organização Internacional de Saúde Animal já defendem a estratégia de “um mundo, uma saúde”, ou seja, que além do tratamento individual “a saúde depende também do controle e prevenção de enfermidades infecciosas, emergentes e reemergentes; observada a interface entre o homem, animais e ecossistemas, para os quais o Médico Veterinário pode contribuir diretamente”.
A participação do Médico Veterinário também vem contribuir para o cumprimento das diretrizes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família que são interdisciplinaridade, intersetorialidade, educação popular, território, integralidade, controle social, educação permanente em saúde, promoção da saúde e humanização.
O CFMV enfatiza que a inclusão da Medicina Veterinária na Portaria GM no. 154/2008 não acarretará em participação automática deste profissional nas equipes, já que a composição é definida pelo gestor de cada município e dependerá da análise da realidade epidemiológica. Porém, permite que o Prefeito ou Secretário de saúde possa solicitar a inclusão do profissional, o que hoje não é permitido.
Assessoria de Comunicação CFMV

sábado, 12 de março de 2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

LA MÁS ANTIGUA DE AMÉRICA DEL SUR


A pesar de que los productos derivados del ganado cimarrón que habitaba "las pampas" en el siglo XVIII satisfacían muchas de las necesidades cotidianas de la población y se exportaban en grandes cantidades, no había veterinarios en esa época en la Argentina y los pocos de los que se tiene noticia se encargaban, más que nada, de atender equinos urbanos. Prueba de que la historia la veterinaria en la Argentina está ligada al desarrollo de la industria ganadera es que el desarrollo del manejo racional de la cría y la práctica del sistema de conservación de la carne por el frío (que permitió la exportación de carnes congeladas a Europa) hicieron imperiosa la presencia de veterinarios durante el siglo XIX en Buenos Aires.
Hasta ese entonces eran veterinarios extranjeros quienes intentaban resolver los problemas de sanidad del ganado que generaba la llegada al país de reproductores extranjeros sin control sanitario de ninguna especie. Pero importar profesionales implicaba una gran inversión para los estancieros por lo que en 1881, a través de la Sociedad Rural, solicitaron a las autoridades bonaerenses que se creara una cátedra de veterinaria, que funcionaría dentro de la Escuela Práctica de Agricultura que, desde 1872, dictaba clases para jóvenes procedentes del Asilo de Huérfanos en los terrenos conocidos como Santa Catalina, en Lomas de Zamora.
Fue así que la Legislatura de la provincia de Buenos Aires sancionó el 13 de septiembre de 1881 la Ley 1.424 que disponía la creación de una Casa de Monta y Escuela de Veterinaria que se establecerían junto a la Escuela Práctica de Agricultura de Santa Catalina y una Comisión presidida por el ilustre abogado y ex ministro de Hacienda de la provincia, Doctor Mariano Demaría llevó adelante el proyecto. Esta escuela dio origen a la Facultad y fue la primera de América del Sur.
Sus objetivos fundacionales fueron "relacionar los descubrimientos de la ciencia con las diferentes ramas de la producción animal y vegetal" y "formar hombres que, por sus conocimientos especiales, pudiesen comprender y descubrir las leyes de la naturaleza y aprovechar los progresos de la ciencia para mejorar las razas, su multiplicación y conservación".
La Comisión presidida por Demaría encargó al comerciante Guillermo Arning que buscara en Europa a los profesionales encargados de inaugurar los estudios superiores de agronomía y veterinaria en nuestro país. En agosto de 1882 el delegado ya había contratado a cinco profesores belgas -el ingeniero civil Camilo Gillet, el ingeniero agrónomo Gustavo André y los veterinarios Carlos Lambert, Carlos Tombeur y Desiderio Bernier- y uno francés -el ingeniero agrónomo Julio Frommel-, que serían los fundadores del Instituto. La Escuela de Agronomía y Veterinaria y Haras de la Provincia de Buenos Aires abrió sus puertas el 6 de agosto de 1883 (día en que se conmemoran en nuestro país los estudios veterinarios) y posteriormente tomó la denominación de Instituto Agronómico Veterinario de Santa Catalina.
A Tombeur se le confió la dirección de la Escuela de Veterinaria en tanto que André fue nombrado Rector del Instituto. Lambert tuvo a su cargo la dirección del Haras. En año de su inauguración, 18 alumnos se inscribieron para rendir el examen de ingreso: 12 de ellos para cursar los estudios de primera categoría que comprendían cuatro años de duración y otorgaban títulos de "Capacidad Agrícola" y de "Capacidad para ejercer el Arte Veterinario" y 6 para realizar una carrera de dos años que concedía un certificado de haber hecho los estudios requeridos para el grado de mayordomo.
De los 12 que querían realizar la carrera de cuatro años aprobaron 10, mientras que los 6 aspirantes a mayordomo rindieron correctamente. Fue entonces que 16 alumnos comenzaron los estudios el 6 de agosto de 1883, fecha de inauguración de las clases, y no 17 como se creyó durante algún tiempo. El error, que consta en una placa del Instituto, proviene de que en el Libro de Matrículas nadie quiso ocupar el lugar número 13. En esa época, las clases duraban desde el primero de marzo hasta fines de noviembre, cuando comenzaban los exámenes. Las evaluaciones duraban 25 minutos reloj en mano y quienes obtenían malas calificaciones reiteradamente eran expulsados.
La división de los cursos en dos categorías cambió en 1884 cuando desapareció la carrera corta.
A fines de 1887, 10 estudiantes de agronomía y 3 de veterinaria rindieron sus exámenes generales finales y el 23 de julio de 1888 se presentaron a rendir una tesis. Pero el tiempo no alcanzó y se decidió que quienes aún no había concluido lo hicieran precisamente el 6 de agosto, fecha en la que además se entregaron los diplomas. En aquel día obtuvieron su título de "Competente en la ciencia veterinaria", los primeros tres veterinarios recibidos en el país: el mendocino Custodio Ángel Martínez, el porteño José María Leonardo Agote y el catamarqueño Calisto Ferreyra.
El nivel académico de los primeros grupos de egresados hizo que las autoridades provinciales prestaran mayor atención a los estudios que se prestaban en Santa Catalina. Ya no se trataba de una simple institución de enseñanza media sino que quienes egresaban estaban en condiciones de equipararse con profesionales de grado universitario de Europa.

Por ello el 4 de junio de 1889 entró a consideración del Poder Legislativo provincial un proyecto del Ejecutivo para crear una Facultad de Agronomía y Veterinaria sobre la base del Instituto Agronómico y Veterinario. Sin embargo, la provincia atravesaba una crisis financiera que impedía realizar cualquier construcción en Santa Catalina, por lo que se decidió su venta parcial en lotes y el inmediato traslado del Instituto a la ciudad de La Plata elevándolo a la categoría de Facultad por una ley sancionada el 12 de noviembre de 1889.
Ese mismo año el senador provincial Rafael Hernández -hermano del autor del Martín Fierro y verdadero fundador de la Universidad provincial de La Plata- había presentado a la legislatura un proyecto por el cual se erigiría una casa de altos estudios en la capital de la provincia y a fines de diciembre ambas Cámaras aprobaron la iniciativa. La Ley fue promulgada por el gobernador Máximo Paz el 2 de enero de 1890 y recién el 8 de febrero de 1897 el gobernador Guillermo Udaondo dio un decreto ordenando la construcción de la Universidad.
El 15 de noviembre de 1902, el ministro de Justicia e Instrucción Pública de la Nación Doctor Juan Fernández y el gobernador de la provincia de Buenos Aires Doctor Marcelino Ugarte firmaron un convenio por el que la provincia cedía a la Nación, en propiedad y a título gratuito, la Facultad de Agronomía y Veterinaria, el establecimiento de Santa Catalina y el Observatorio Astronómico. El convenio fue aprobado por la legislatura provincial el 23 de diciembre de 1903 y por el Poder Ejecutivo de la Nación el 31 de diciembre de 1904.
En 1905, el Doctor Joaquín V. González desempeñaba la cartera de Justicia e Instrucción Pública, siendo presidente de la república el Doctor Manuel Quintana. Preocupado por los problemas de organización universitaria concibió la idea de organizar una nueva universidad, de carácter científico y experimental, en la que se desarrollara ampliamente la investigación científica y se impartieran las enseñanzas primaria y secundaria, también de carácter experimental. Puso entonces su mirada en la que malamente funcionaba en La Plata, observando las principales casas de estudio existentes y que podrían integrar la universidad soñada.
En ese momento, el plan de estudios de la carrera de Veterinaria era de 4 años y comprendía 23 asignaturas y actividades (como ejercicios prácticos de zootecnia y excursiones en el último año). A su vez, la Escuela Práctica también tenía un Plan de Estudios de cuatro años, con 18 asignaturas.
Sin embargo, en 1920, una serie de conflictos provocaron la división de la Facultad de Agronomía y Veterinaria. El Consejo Superior de la Universidad designó una Comisión que se expidió el 29 de diciembre de ese año, aconsejando constituir, a partir del 1º de enero de 1921, a la Facultad de Veterinaria como entidad autónoma, separada de la de Agronomía teniendo en cuenta la misión híbrida de estas dos instituciones que persiguen fines completamente diversos.
Para ese entonces, el plan de estudios era de cuatro años y los estudiantes podía obtener el título de Doctor en Medicina Veterinaria realizando un trabajo de tesis al finalizar la carrera. Este plan sufrió algunas modificaciones menores y el que se implementó en 1926 tuvo vigencia hasta el ciclo lectivo de 1950.
En 1951, se creó la Carrera del Doctorado en Ciencias Veterinarias con 5 años de estudios y la aprobación de una tesis doctoral. Ese año el Honorable Consejo Directivo resolvió el cambio de denominación de la casa, adoptando el de Facultad de Ciencias Veterinarias.
Los Planes de Estudio correspondientes a los años 1881, 1920, 1925 y 1936 han sido relevantes en la historia de la institución. Se dictaban en cuatro años y tenía entre 25 y 27 materias. La diferencia más significativa fue el cambio que produjeron en la denominación del título profesional: los graduados del plan estudios de 1920 se recibían de Doctor en Medicina Veterinaria. En cambio, a partir de 1925, el título habilitante fue de Médico Veterinario.
El Proyecto de Plan de Estudios de la Facultad de Medicina Veterinaria aprobado el 9 de septiembre de 1925, estipulaba:"La enseñanza de la medicina veterinaria debía deberá ser esencialmente práctica a fin de que los profesionales sean de inmediato útiles en sus especialidades, al país y a sí mismos. Dicha enseñanza descansará sobre una base científica completa por cuanto no podría concebirse que una Facultad proporcione a sus alumnos como únicas armas los conocimientos del práctico o empírico. El ciclo completo de estudios será de cuatro años y el título que se otorgará será el de Doctor en Medicina Veterinaria".
A partir de 1957 se modificó parcialmente el plan de estudios de 1925, se introdujeron nuevas asignaturas y se cambió el nombre de Facultad de Medicina Veterinaria por el actual de Facultad de Ciencias Veterinarias. Desde 1951 hasta 1963 inclusive, la Facultad de Ciencias Veterinarias establecía que el título de grado que se otorgaba a los egresados de la carrera era el de Doctor en Ciencias Veterinarias. Para obtenerlo se debían aprobar todas las materias del plan de estudios de la carrera del Doctorado en Ciencias Veterinarias y, luego, un trabajo de tesis.
A partir de 1963, se acuerda otorgar dos títulos: Para el grado, el de Médico Veterinario, al finalizar la carrera y una vez rendidas y aprobadas todas las asignaturas exigidas en el plan de estudios. Para el posgrado, el de Doctor en Ciencias Veterinarias, a todo aquel egresado que aprobara un trabajo de tesis.
El primer Médico Veterinario en obtener su título de Doctor en Ciencias Veterinarias con esta modalidad (rindiendo una tesis frente a 5 jurados) fue Moisés Capera Lozano, el 15 de noviembre de 1966.
A partir de 2006 la Facultad pondrá en marcha un nuevo plan de estudios de la Carrera de Ciencias Veterinarias.
A lo largo de su historia la Facultad ha logrado ser acreditada por la Unión Europea y lleva adelante un convenio de cooperación técnica con la Agencia de Cooperación Internacional del Japón que fue definido por el actual presidente de la Universidad como el de mayor envergadura en la historia de la institución.

http://dns.fcv.unlp.edu.ar/index.php?option=com_content&view=article&id=400&Itemid=900

sábado, 26 de fevereiro de 2011

PRIMEIROS RESULTADOS DA PARCERIA GRUPO INN (Argentina) e a UNIVET (Brasil)



A UNIVET hoje vem colhendo, após 11 anos, os primeiros frutos de sua integração com nossos colegas latinoamericanos. O Brasil é, reconhecidamente, hoje, um dos grandes centros educacionais nas Américas. Há algumas semanas divulguei o trabalho do GRUPO INN, administrado pela colega argentina Alheli Gonzales Chaves. Desse contato sugiram oportunidades, que já começam a ser aproveitadas por nossos integrantes.
Os colegas Moyses Serpa (mestre em cardilogista) do Rio de Janeiro e Sidney Piesco (mestre em fisioterapia) de São Paulo são os dois primeiros colegas a participarem desta aproximação latinoamericana. Outros colegas também foram contactados e continuo no aguardo das confirmações de interesse.
A UNIVET vem se correspondendo com diversos países e as oportunidades continuarão aparecendo. Se você tiver interesse em ofertar cursos na sua área, não seja tímido, entre em contato.
Agora, se você se interessou por algum curso do GRUPO INN e não pode ir a Buenos Aires, no momento, não se preocupe, pode optar por vários cursos a distância.
Um grande abraço para todos.

Mauricio Aquino

sábado, 29 de janeiro de 2011

QUEM TEM MEDO DO CARACOL? www.achatinafulica.com


Mauricio Aquino
Médico Veterinário
Pós-graduado em Docência para o Nível Superior
Mestrando em Ciências da Saúde
www.caramujoafricano.com
projeto@caramujoafricano.com

Os caracóis são consumidos como alimento desde a era Paleolítica. Grandes quantidades de conchas encontradas pelos arqueólogos próximas as cavernas ou em sambaquis (*) no norte da África, que datam da pré-história, confirmam o seu largo consumo, especialmente, nos períodos de pouca caça, pois eram fáceis de encontrar e armazenar por longos períodos, graças a sua fisiologia. Os moluscos terrestres sempre representaram uma opção alimentar fundamental na história do homem.
Bertran (2010, pg. 8) assim descreve a existência dos grupos humanos na pré-história na região centro-oeste brasileira: “As condições climáticas influíam poderosamente na dieta alimentar dos grupos indígenas. Para se ter uma idéia dessas influências – não mais do que num curto intervalo de 300 anos, de 7.500 a 7.200 anos AP – a região do abrigo de Serranópolis aparece estando submetida a um período muito seco, sendo que a caça deixou de influir significativamente na alimentação e apenas a coleta de moluscos, principalmente, e de pequenos répteis manteve importância. Mais do que nunca, entre 7.000 e 6.600 anos AP a alimentação de origem animal, restringiu-se aos moluscos, pois até os répteis pouco aparecem, comenta o professor Moreira. Eis o homem pré-histórico brasileiro como cultor do ‘francesíssimo’ escargot, o delicioso caramujo. De fato, pesquisas atuais indicam que em 200 gramas de molusco há 50 de proteínas, o que leva Luiz Moreira a conjeturar que “a obtenção de alimentos nunca se constituiu em grandes problemas para aquelas comunidades e que o homem pré-histórico da região teria um regime alimentar conveniente”.
Enquanto diretor de Espeleomergulho do Centro Espeleológico de Alagoas (CEA) encontrei, em 1999, no interior de cavernas na cidade de Paripiranga, na Bahia, próximo à divisa com Sergipe, blocos de sambaquis, contendo amontoados de conchas de Megalobulimus em processo de fossilização, demonstrando o seu consumo por antigos ocupantes nesta região, há milhares de anos.
Gregos e romanos tornaram-se, posteriormente, grandes apreciadores caracóis e levantamentos arqueológicos do acampamento de uma legião romana acantonada na antiga Gália, hoje França, demonstraram que os escargots eram alimento exclusivo dos oficiais romanos. Já Ribas (p.17,1984) comenta que “há referências a várias criações organizadas em cativeiro na Roma antiga”.
Os médicos da Antigüidade (séculos V a X d. C.), em geral, conheciam os efeitos preventivos e terapêuticos da alimentação. Textos de Hipócrates, célebre médico da Grécia antiga, revelam alguns produtos alimentícios consumidos pelos gregos e também a associação entre alimentos e o combate a doenças. São citados [...] moluscos. [...] A alimentação na Roma antiga era bastante parecida com a alimentação na Grécia. (NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS, 2010)
Na Idade Média foi largamente consumido nos mosteiros, como alimento durante as vigílias e durante a Sexta-feira da Paixão quando é, desaconselhada, a ingestão de carne.
Contemporaneamente é servido, informalmente, como petisco em bares da Espanha e de Portugal, frito ou empanado, acompanhando cerveja; ou sofisticadamente, como iguaria nos restaurantes franceses. No dia-a-dia o seu consumo faz parte da cultura tradicional dos camponeses franceses. Em alguns países da África, a exemplo de Gana, o caracol não é apenas uma das fontes protéicas mais consumidas, mas também está associado à tradição e a rituais religiosos. No Brasil, o consumo de caracóis está quase restrita a duas parcelas da sociedade, antagônicas a maioria dos demais hábitos. Ou é uma minoria de alta renda, gourmets e europeus, que moram no país ou, por outro lado, são os rurícolas de baixa renda, em especial no Norte e no Nordeste, que se atiram à coleta de caracóis nativos como uma das poucas alternativas em períodos de carência alimentar ou para ser utilizado na zooterapia tradicional. De acordo com Brandão (2010) o gênero nativo mais consumido no país é o Pomacea.
Dona Jurandir Lopez Ferreira, residente na Fazenda Sta Mônica, em São Luiz do Quitunde, interior de Alagoas, me repassou a sua tradicional receita de Aruás (Pomacea) que está na família a gerações: Coloca-se os aruás em uma panela com bastante água e deixa-se ferver até que se soltem da concha, em seguida escorra a água e lave-os bem com suco de limão para retirar o muco. Depois de limpos, voltam ao fogo para cozinhar. Escorre-se a água depois de cozidos e então, acrescenta-se o leite de coco e os temperos usuais para moqueca de peixe. ( cebola, tomate, cheiro verde, pimenta, coentro... ) deixando-os mais um tempo no fogo. Depois é só servir ainda quente.
Recomendo que, depois de retirados das conchas, sejam submetidos a um cozimento em panela de pressão por pelo menos 20 minutos, contados a partir do início da fervura, tempo mais do que necessário para inativar quaisquer parasitos novivos ou não à saúde.
Desde a introdução do Achatina fulica (caracol africano) no Brasil existe uma preocupação exagerada quanto a transmissão de duas parasitoses: o Angiostrongylus cantonensis e Angiostrongylus costaricensis. Não há como negar essa remota possibilidade, sob condições especialíssimas, como quando ingerido cru ou mal cozido.
O A. Cantonensis é um verme pulmonar de roedores, a causa mais comum da Meningite Eosinofílica humana e o A. Costaricensis é o agente causal da Angiostrongilíase Abdominal ou Intestinal”. (SES/SP, 2010)
Neuhauss et.al.(p.49, 2007) realizou uma pesquisa onde infectou, experimentalmente, Achatinas asselvajados e também de cativeiro com larvas de A. costaricensis e A. Cantonensis. O resultado foi muito esclarecedor pois determinou que os caramujos africanos no sul do Brasil não são hospedeiros permissíveis para as duas espécies de Angiostrongylus, não representando, portanto, um risco significativo para a transmissão destes parasitas.
A pesquisa também reporta o resultado de exames parasitológicos realizados em caracóis asselvajados no estado de Santa Catarina; de todos os 244 animais examinados, apenas 1 estava parasitado por larvas de metastrongilídeos e não, necessariamente, das duas espécies acima.
Contra fatos, não há argumentos. O risco que corremos em contrair uma das parasitoses citadas através do Achatina fulica, mais de 22 anos depois de sua introdução no país, demonstrou-se ser insignificante se comparado ao risco que corremos em adquirí-las a partir de lesmas nativas da família Veronicellidae, principais hospedeiros intermediários de Angiostrongylus costaricencis no Brasil. (NEUHAUSS, 2007 apud ALICATA 1965, MORERA 1973)
Em uma localidade rural em Nova Itaberaba (SC) a lesma nativa Sarasinula linguaeformis apresentou-se como praga agrícola. O exame parasitológico dessas lesmas demonstrou infestação pelo A. costaricencis em 43 de 50 animais examinados. A prevalência de 86% e as cargas parasitárias são as mais altas registradas até o momento no Brasil. O S. linguaeformis é a primeira espécie do gênero Sarasinula a ser identificado como hospedeiro intermediário do A. costaricencis no sul do país. (LAITANO, 2001, pag. 1) E até 2001 não havia nenhum caso documentado de Angiostrongilíase abdominal no município de Nova Itabera, embora se acredite que toda a região sudoeste de Santa Catarina seja endêmica para esta parasitose e, muito provavelmente, a sua ocorrência não é relatada, unicamente, devido, talvez, a carência de diagnóstico.
Espécimes de Sarasinula marginata, outra lesma nativa, coletadas em hortas e jardins residenciais de Belo Horizonte, Minas Gerais, também demonstrou suscetibilidade ao Angiostrongylus costaricensis em laboratório, com uma positividade de 80%. (LIMA, Lais Clark et al., 1992, pag. 117)
Outro estudo realizado em três localidades no sul do Brasil levou à identificação de outras lesmas da mesma família como hospedeiros de A. costaricensis: o Limacus flavus e o pequeno caracol de jardim Bradybaena similaris. (TEXEIRA et al, 1993, pag. 487)
De acordo com SILVA, (2003, pg. 6) existem no Brasil registros de angiostrongilose abdominal no Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e principalmente nos estados da região sul. [...] Vale ressaltar que os casos de angiostrongilose abdominal identificados no Brasil não tiveram relação com A. fulica e experimentos recentes demonstraram que essa espécie, até o presente, não representa risco significativo para a Saúde Pública, pelo baixo potencial de transmissão que apresenta.
No entanto, Caldeira et al (2007, pg. 887-889) diagnosticaram pela primeira vez moluscos naturalmente infectados com Angiostrongylus cantonensis no Brasil, em Vitória, ES, “um caso clínico de meningoencefalite eosinofílica que resultou em um óbito dez dias após a ingestão de três caramujos africanos (Achatina fulica) reportado em um encontro regional em 2006 (CALDEIRA, 2007, pag. 887 apud AVS Moll, G Zanini e C Graeff-Teixeira) O
segundo caso foi relatado em Recife (PE), de acordo com Lima et.al. (2009, pag. 3). Isso significa uma média de um óbito a cada onze anos. Ambas são cidades portuárias que devem ter trazido roedores contaminados.
Só para se ter uma idéia, o percentual de óbitos humanos no mesmo período de tempo, 23 anos (1980 a 2003), produzidos pela esquistossomose, uma doença grave, transmitida pelo caramujo do gênero Biomphalaria, nativo do Brasil, de acordo com Ferreira (2010, pg. 69) foi responsável por “14.463 óbitos”, 628 mortes por ano ou 7231 óbitos por “barriga d’água” para cada diagnóstico de meningite eoninofílica atribuído ao caracol africano.
Nos diversos países que fazem fronteira com o Brasil, por exemplo, alguns não se preocupam com o Achatina atualmente: “em la Argentina se lo encuentra en las provincias de Corrientes y Misiones” (BARBADO, 2004, pag. 22). Na opinião do Engenheiro Marcelo García do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria (INTA), em Cañuelas, Argentina, através de e-mail enviado para o projeto@caramujoafricano.com: “No tenemos noticias de que halla Achatina en nuestro país, es um caracol que requiere climas mas bien subtropicales o tropicales, por lo que si es plaga en Brasil, puede que halla pasado a Misiones, pero no lo conozco. En Buenos Aires hay un Achatina muy pequeño, pero que no es fulica y que se encuentra en los jardines, aunque depende de los años aparece y desaparece”.
Felizmente também não têm sido reportados outros casos de Achatina fulica causando prejuízos significativos à agricultura e nenhum caso, até onde se sabe, onde ele tenha contribuído para a extinção de alguma espécie nativa.
Com a introdução dessa nova espécie os helicicultores brasileiros acreditaram ter encontrando um caracol resistente, prolífero, precoce e, principalmente, adaptado ao nosso clima, a espécie ideal para substituir o Helix aspersa, a espécie européia mais criada na época. imagine então, como foi decepcionante o IBAMA ter proibido a sua criação no Brasil.
É uma inverdade afirmar que os criadores desfizeram-se de seus animais simplesmente porque a atividade era antieconômica, conforme se lê, frequentemente. Antes do IBAMA proibir a sua criação no país, muito provavelmente, devido à pressão exercida pela imprensa, iriam ser inauguradas no estado de São Paulo, cooperativas destinadas à industrialização do Achatina. Isso iria resolver, definitivamente, a questão da comercialização, o principal obstáculo, frequentemente apontado ao crescimento da atividade no Brasil.
Mas no momento em que a sua criação passou a constituir-se em crime ambiental, muitos criadores desfizeram-se de seus animais, simplesmente, jogando-os fora, ainda vivos.
Eu diria que a ampla divulgação de declarações alarmistas e inconsistentes, a respeito do risco potencial desta espécie, tenha sido o grande responsável pela acelerada infestação do ambiente urbano e rural.
Uma vez libertados, praticamente, ao mesmo tempo, em diversos estados brasileiros, oriundo de criatórios que passaram a ser considerados “ilegais”, de um momento para o outro, o caramujo possuidor de grande prolificidade, resistência a doenças e praticamente sem predadores naturais, espalhou-se com uma grande velocidade, estando presente hoje, em quase todos os estados brasileiros.
Na década de 80, como diretor tecnocientífico da Associação de Helicicultores do Rio de Janeiro (AHRJ), a primeira associação de criadores do país, sediada no Rio de Janeiro, percorri criatórios em várias cidades no estado do Rio de Janeiro. Exames parasitológicos e histopatológicos foram realizados e uma grande incidência de nematódeos, não identificados por mim na época, foi encontrada em caracóis do gênero Helix aspersa, outra espécie exótica introduzida na década de 70.
Sob o ponto de vista da saúde pública todos os animais consumidos pelo homem, domésticos ou silvestres, podem transmitir zoonoses. Do ponto de vista higiênico-sanitário, a carne de diversas espécies domésticas consumidas diariamente pela população é capaz de transmitir antropozoonoses mais prejudiciais, inclusive, do que as produzidas pelos nematódeos Angiostrongylus costaricensis e A. Cantonensis. Um outro artigo, publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, avaliou a mortalidade relacionada à cisticercose, uma zoonose transmitida quando ingerimos carne de porco mal cozida e nos contaminamos com larvas do parasita Taenia solium. De acordo com Marques (p.1, 2010) o médico Augusto Hasiak Santo, da USP, foram identificadas entre 1985 e 2004, 1.570 mortes relacionas direta e indiretamente à cisticercose, uma média de 82 mortes por ano apenas no estado de São Paulo.
No entanto, a evolução das normas sanitárias apropriadas à criação e ao abate desses animais contribuiu, decisivamente, para a superação destes riscos e nem por isso, deixaram de serem consumidas. A correta profilaxia constitui instrumento sanitário indispensável para a criação racional de qualquer animal. Tais cuidados devem, simplesmente, serem extrapolados para o Achatina fulica que, infelizmente, tem sido alvo de uma “caça as bruxas”.
A expansão da agropecuária, especialmente, próxima as áreas naturais em bom estado de conservação, gerou um estreito vínculo entre as populações humanas, as de animais domésticos e as silvestres, “favorecendo a disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos hospedeiros e ambientes, estabelecendo-se assim novas relações entre hospedeiros e parasitas, e novos nichos ecológicos na cadeia de transmissão das doenças”. (CORRÊA e PASSOS apud SILVA, 2003). Favorecendo o aparecimento de zoonoses, “doenças que não eram conhecidas ou que já não possuíam importância epidemiológica, [...] em surtos ou epidemias numa população e região [...] denominadas como ‘emergentes’ ”. (SILVA, 2003, pag.1)
De acordo com Silva, 2010, o Dr. Abdussalam, chefe dos serviços veterinários da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que: a escassez da informação sobre a eco-epidemiologia dos animais selvagens, é um dos fatores que provocam dúvidas e falhas quando se procura sua utilização no estudo e controle de zoonoses. Neste contexto, os médicos veterinários, biólogos, zootecnistas, agrônomos, sociólogos e demais profissionais, possuem uma importante função no manejo da vida silvestre e na medicina da conservação. (SILVA, p. 1, 2008)
Nem a população urbana está livre das zoonoses por morarem nos grandes centros no Brasil, apesar de possuir uma das melhores legislações ambientais do mundo, “é bastante comum estes animais silvestres e exóticos serem encaminhados às clínicas veterinárias, zôos, centros de triagem, expondo os profissionais e tratadores a um possível risco de contrair zoonoses”. (CORREIA e PASSOS, 2001 apud SILVA, p.1, 2008)
A população brasileira, com raras exceções, não se tem o hábito alimentar de ingerir caracóis como em outros países, no entanto, o Achatina fulica tem enorme potencial zootécnico, farmacológico e nutricional e, portanto, pode e deve ser utilizado pela população como alternativa alimentar. No entanto, temos antes que desmistificar o “exagero” criado pela imprensa ao divulgar teorias não comprovadas de que a espécie invasora seria capaz de transmitir, em larga escala, doenças muito graves a espécie humana, divulgadas através de campanhas em todo o território nacional.
Uma vez que o risco em contrair enfermidades com o Achatina é muito pequena, como já ficou claramente comprovada, o que temos que fazer é elaborar normas técnicas para tornar ainda mais seguro o seu consumo. O controle da população invasora do Caramujo Africano na natureza pode ser feito através do estímulo ao seu consumo pela população, única forma descrita por Prasadi (2004) como eficiente até agora na China, o único país do planeta que está conseguindo controlar essa espécie invasora, minimizando o seu risco ecológico.
Em 2003 houve uma audiência pública na prefeitura de Peruíbe, estância turística no litoral de São Paulo. O tema discutido foi a invasão do Caramujo Africano na comunidade e as alternativas para o seu controle. Ninguém falava dos riscos ambientais na ocasião, a grande preocupação dos moradores na ocasião, por conta da histeria coletiva, era a possibilidade de transmissão do Angiostrongylus cantonensis e o Angiostrongylus costaricensis. Não houve espaço nessa reunião para argumentos em prol da sua utilização econômica ou farmacológica; o pânico estimulado por entidades das mais distintas origens impediu o livre raciocínio. Eu estive presente nesta audiência e fui a única pessoa a solicitar a palavra para defendê-lo e como já se pode imaginar, fui voto vencido: 1 contra 200. “Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca”! ☼
Referências:
BARBADO, José Luis. Cria de Caracoles. 1ª Edição. Buenos Aires. Editora: Albatros, 2004.
BERTRAN, Paulo. História da Terra e do Homem no Planalto Central: eco-história do Distrito Federal do indígena ao colonizador. Disponível em: Acesso em: 20 mar 2010.
CALDEIRA, Roberta Lima et al. First Record of molluscs naturally infected with Angiostrongylus cantonensis (Chen, 1035) (Nematoda:Metastrongylidae) in Brasil. Mem Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 102(7): 887-889, 2007. Disponível em: Acesso em: 20 de mar de 2010
LAITANO, Antonio Carlo, GENRO, Júlia Pasquali, FONTOURA, Ricardo, BRANCO, Susana Siqueira Lima, MAURER, Rafael Lucyk, GRAEFF-TEIXEIRA, Carlos, MILANEZ, José Maria, CHIARADIA, Luís Antônio e THOMÉ, José Willibaldo. Report on the ocurrence of Angiostrongylus costaricensis in southern Brazil, in a new intermediate host from the genus Sarasinula (Veronicellidae, Gastropoda). Rev. Soc. Bras. Med. Trop. vol.34 no.1 Uberaba, Jan/Feb. 2001.
LIMA, Lais Clark et al. Sarasinula marginata (Semper, 1885) (Mollusca, Soleolifera) de Belo Horizonte (MG, Brazil) como hospedeira intermediária potencial do Angiostrongylus costaricencis. Morera & Céspedes, 1971. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo [online]. 1992, vol.34, n.2, pp. 117-120. ISSN 0036-4665. doi: 10.1590/S0036-46651992000200006.
NEUHAUSS, Erli; FITARELLI, Monaliza; ROMANZINI, Juliano; GRAEFFE-TEIXEIRA, Carlos. Low susceptibility of Achatina fulica from Brazil to infection with Angiostrongylus costaricensis e A. Cantonensis. Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Laboratório de Biologia Parasitária, Faculdade de Biociências da PUCRS. Porto Alegre, RS, 2007.
NUT/FS/UnB – ATAN/DAB/SPS. Alimentação e Cultura. Disponível em: Acesso em: 11 abr 2010
RIBAS, Jaceguay. Criação de Caracóis. Nova opção econômica brasileira. Editora Nobel, São Paulo, 1894.
SES/SP, CCD, CVE. Manual das Doenças Transmitidas por Alimentos: Angiostrongylus/Angisostrongilíase. Disponível em: Acesso em: 17 de fev 2010.
SILVA, Dr. Jean Carlos Ramos. Zoonoses e doenças emergentes transmitidas por animais silvestres. Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens/ABRAVAS. 2008. Disponível em: Acesso em: 15 mar 2010.
TEIXEIRA, Carlos Graeff et al. On the diversity of mollusc intermediate hosts of Angiostrongylus costaricensis. Morera & Cespedes, 1971 in southern Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 1993, vol.88, n.3, pp. 487-489. ISSN 0074-0276. doi: 10.1590/S0074-02761993000300020.