segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Primeiro gato clonado faz 10 anos em mercado que produz poucas réplicas


De Bill Murphy (AFP) – Há 3 horas
COLLEGE STATION, EUA — Há quase dez anos da clonagem do primeiro gato, as previsões da abertura de um grande mercado comercial para a "ressurreição" de animais de estimação usando esta tecnologia demonstraram ser um fiasco.
A empresa líder em clonagem de mascotes nos Estados Unidos parou de operar em 2009 e o negócio da clonagem de gado continua sendo relativamente pequeno, com apenas algumas centenas de porcos e vacas clonados por ano em todo o mundo.
Mas os donos de CC, a primeira gata clonada, ainda a consideram um grande êxito. Mais velha e gordinha, e mais lenta por causa da idade, a gata branca e cinza é como qualquer outro animal de sua espécie.
"As pessoas esperam que haja algo diferente nela", disse Duane Kraemer, pesquisador da Universidade do Texas A&M e integrante da equipe que clonou CC.
"Nós a levamos a uma exposição de gatos uma vez. Um homem que veio vê-la disse que se parecia com qualquer outro gado de armazém", afirmou.
CC, cujo nome são as iniciais de Cópia Carbônica, nasceu em um laboratório da A&M em 22 de dezembro de 2001, a partir de uma célula tirada de um gato tricolor chamado Rainbow, e inserida em outro embrião de gato. O embrião foi, então, implantado em uma mãe de aluguel, chamada Allie.
CC tem exatamente a mesma constituição genética de Rainbow, mas não tem sua coloração laranja, pois geralmente apenas duas cores - e não três - são passadas na clonagem de gatos tricolores.
"A clonagem é reprodução, não ressurreição", disse à AFP Kraemer, agora parcialmente aposentado, em uma entrevista concedida em sua casa em College Station, Texas (sul).
Isso, somado a um preço que poderia chegar a seis dígitos, é uma das principais razões pelas quais clonar animais de estimação não tenha sido um grande sucesso comercial.
- "O mercado é, na realidade, extremamente pequeno" -
Por que a BioArts deixou o negócio da clonagem de animais de estimação há dois anos? Seu diretor, Lou Hawthorne, escreveu na página da internet da empresa que muito poucos clientes solicitaram seus serviços.
"Depois de estudar este mercado durante mais de uma década - e de oferecer serviços de clonagem tanto de cães quanto de gatos - acreditamos que o mercado é, na realidade, extremamente pequeno", disse Hawthorne no agora extinto site na internet da BioArts.
Embora muitos dos clones de seu cão tivessem saído normais, os pesquisadores não puderam explicar porque alguns nasceram com deficiências.
"Um clone nasceu de cor amarelo-esverdeada, quando deveria ser branco", escreveu.
"Outros tiveram más-formações do esqueleto, em geral não paralisantes, embora às vezes graves e sempre preocupantes", acrescentou.
"Estes problemas são ainda mais preocupantes se levarmos em conta que a clonagem é supostamente uma tecnologia, em geral, madura", emendou.
O primeiro clone de animal bem sucedido - a ovelha Dolly - nasceu em 1996 no Instituto Roslin da Escócia, mas foi sacrificada em 2003, depois de desenvolver uma doença pulmonar.
Cientistas da Universidade Nacional de Seul clonaram, em 2005, o primeiro cão do mundo, Snuppy (cujo nome é a combinação das siglas da universidade e de 'puppy', filhote de cão em inglês).
A história de CC cruza com a da Genetic Savings and Clone, uma empresa também chefiada por Hawthorne, precursora da BioArts.
John Sperling, fundador da Universidade de Phoenix, um centro de estudos com fins lucrativos do Arizona (sudoeste), investiu quatro milhões de dólares para pesquisar a clonagem animal na Universidade do Texas A&M, na década de 1990.
Hawthorne se associou à Universidade Texas A&M e criou a empresa Genetic Savings and Clone, um negócio que cobrava dezenas de milhares de dólares para clonar animais de estimação.
"Quando CC nasceu e não se parecia com o doador, (o vínculo entre) a parte comercial (do projeto) e a A&M começou a se romper", disse John Woestendiek, autor de "Dog, Inc.: The Uncanny Inside Story of Trying to Clone Man's Best Friend" (Cão, S.A: a estranha história de bastidores sobre a tentativa de se clonar o melhor amigo do homem, em tradução literal).
Segundo Hawthorne, CC socavou sua intenção de vender a clonagem como forma de ressuscitar um bichinho querido. Os cientistas da Universidade Texas A&M não se sentiam confortáveis de que a empresa dissesse que poderia oferecer réplicas de animais de estimação.
Ao fim, Sperling e Hawthorne se separaram da Universidade Texas A&M. A Genetic Savings and Clone se mudou para o Wisconsin (norte), onde tentou, sem sucesso, clonar cães. Acabou fechando e Hawthorne fundou a BioArts.
- A clonagem de gado é mais rentável -
A clonagem de gado tem sido mais bem sucedida, devido ao valor comercial dos animais de boa qualidade: os criadores mostram-se dispostos a pagar dezenas de milhares de dólares pelo clone de uma vaca ou de um cavalo premiado. Certo tipo de gado também é mais fácil e mais barato de clonar do que os cães, explicou Woestendiek à AFP. Com sede em Austin, Texas, a empresa de clonagem ViaGen é uma das duas principais empresas de clonagem de gado dos Estados Unidos.
"Produzimos cavalos clonados a partir de doadores estéreis que agora se reproduzem com eficácia e oferecem oportunidades de genética que não eram possíveis com os doadores", disse Lauren Aston, porta-voz da ViaGen, à AFP.
"Produzimos vacas leiteiras que ganharam concursos internacionais", acrescentou.
Segundo cálculos da ViaGen, 3.000 cabeças de gado foram clonadas desde Dolly. Atualmente, segundo Aston, são clonados no mundo entre 200 e 300 vacas e de 200 a 300 porcos ao ano.
A empresa cobra 165.000 dólares para clonar um cavalo, 20.000 por uma vaca e 2.500 dólares por um leitão.
Os clones de gado da ViaGen não nasceram com más-formações e seus investidores não entendem porque a BioArts obteve resultados negativos quando clonou cães.
CC vive uma boa vida com seus donos, Duane Kraemer e sua esposa, Shirley. Kraemer construiu para ele uma casinha para gatos de dois andares, com ar condicionado e um alpendre fechado. Além disso, adaptou vários locais confortáveis nos fundos de sua casa, em College Station.
CC mora ali com seu namorado, Smokey, e suas três crias. Embora esta gata não tenha tido mãe biológica, ela se saiu uma boa mãe, sempre vigiando de perto seus filhotes.
"Eles miavam e ela já estava ali", contou Shirley Kraemer.

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