domingo, 7 de agosto de 2011

Dr. Abel de Oliveira, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS escreve artigo sobre a Leishmaniose


Um dia após o Simpósio, Dr. Abel de Oliveira, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/MS e convidado do evento, escreve artigo sobre a Leishmaniose

LEISHMANIOSE: UM PERIGO A VISTA

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso do Sul realizou no final de semana, dias 27 e 28 de novembro(sábado e domingo), um simpósio tratando do tema Leishmaniose.
Tive a oportunidade de estar presente na abertura e na mesa redonda do domingo à tarde. Muito bom o evento. Tratou de uma questão que preocupa. Um evento de muita grandeza, pois visa à saúde humana e dos animais. Muito boa a iniciativa dos profissionais da medicina veterinária.
A doença, conhecida como Leishmaniose, é provocada pelos protozoários do gênero Leishmania, transmitida ao homem pela picada de mosquitos flebotomíneos, também chamados de vários outros nomes.
É uma doença que afeta o cão, mas que acompanha o homem desde tempos remotos e que tem apresentado, nos últimos 20 anos, um aumento do número de casos e ampliação de sua ocorrência geográfica, sendo encontrada atualmente em todos os Estados brasileiros, principalmente, em Mato Grosso do Sul, onde muitos e muitos caso vem sendo registrados, e até com morte de humanos.
No entanto, já se propaga a ideia de sacrificar os cães infectados, num verdadeiro processo de eutanásia. Inclusive, com tentativas de projetos de lei nesse sentido. Porém, o animal tem que ser tratado e não sacrificado.
A legislação brasileira considera o animal como bem. No caso do cão com dono, um bem semovente e privado. No caso de animais errantes (sem dono), um bem de responsabilidade do Poder Público.
A Leishmaniose Visceral é transmitida através de pequenos insetos que se alimentam de sangue, e, que , dependendo da localidade, recebem nomes diferentes, tais como: mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalhinha, asa dura, palhinha ou birigui. Por serem muito pequenos, estes mosquitos são capazes de atravessar mosquiteiros e telas. São mais comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas plantas.
Portanto, é necessário muito cuidado com esse mosquito, e muita vigilância para evitar o seu aumento e proliferação, como o uso de repelentes. Mas, acima de tudo, muito cuidado se deve ter com relação aos cães de estimação.
Para a prevenção da doença já existem vacinas. As vacinas Leish-Tec e Leishmune que devem ser aplicadas em cães acima de quatro meses de idade. Contudo, a vacinação deve ser precedida de minucioso exame clínico realizado por médico veterinário.
Entretanto, a vacina subcutânea deve ser aplicada somente em cães assintomáticos com resultados sorológicos negativos para Leishmaniose Visceral Canina.
Mas, é bom lembrar que a vacina não é o único instrumento de prevenção e controle dessa enfermidade, pois existem outras medidas a serem adotadas, em conformidade com orientação do Ministério de Saúde.
Então, a ideia, anseio ou pretensão de se matar os animais (cães) contaminados pela doença ou com suspeita dela, não é compatível com a realidade. Não existem estudos que provam que a matança desses animais resolve o problema. Há muito se vem sacrificando esses “bichos”, mas, os índices dos casos da doença vêm aumentando.

Bom que se frise, o Brasil é o único país do mundo a matar sistematicamente cães com Leishmaniose. No resto do mundo trata-se a doença. Vamos imitar nossos alienígenas!

[1] O autor é Especialista em Direito Ambiental; Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental; Procurador de Justiça Aposentado; Consultor Jurídico Ambiental e Presidente da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MS

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